Católica no Porto participa em programa europeu de voluntariado

A Universidade Católica Portuguesa (UCP) integrou, pela primeira vez este ano, através do Centro Regional do Porto, o Programa “FLY 2021”, um programa europeu de voluntariado e aprendizagem-serviço, intercultural, interdisciplinar, intensivo e interuniversitário. Coordenado pela Universidade de Comillas (Madrid), o programa juntou, além da Universidade Católica, as Universidades de Deusto (Bilbao), ESADE (Barcelona), Loyola (Andaluzia), LUMSA (Roma, Itália), Mateja Bela (Banská Bystrica, Eslováquia).

Cada Universidade parceira participa quer com projetos, quer com o envio de estudantes para projetos de outras universidades. No total, este verão de 2021, foram desenvolvidos 45 projetos nos quais participaram 150 estudantes das universidades referidas.

A Católica no Porto, com a sua participação no programa, através da CAtólica SOlidária (CASO), envolveu 25 voluntários num total de quase 2000 horas de serviço na comunidade.

Foram desenvolvidos dois projetos em Portugal:

- um aconteceu na cidade do Porto na 1ª semana de Julho e contou com a presença de 5 estudantes espanhóis e 2 portugueses. Em conjunto com as organizações U.DREAM e Porta Solidária da Paróquia do Marquês, os estudantes trabalharam as questões da liderança social, desenvolvendo uma campanha de sensibilização urbana e apoiaram a preparação e entrega de kits de refeições a pessoas carenciadas.

O Gonçalo e a Rita, os dois estudantes portugueses da Universidade Católica no Porto, partilham respetivamente um pequeno testemunho:

“Ter a oportunidade de acolher e ser voluntário com estudantes internacionais foi das experiências mais enriquecedoras que já tive. O convívio e a interação com jovens de culturas diferentes não só permitiu desenvolver um trabalho muito interessante, que se refletiu na campanha por nós organizada, mas também me permitiu criar laços de amizade com pessoas que de outra forma provavelmente nunca iria conhecer.”

“Esta foi uma experiência bastante enriquecedora sob várias perspetivas. Por um lado, aumentei o meu networking, conhecendo pessoas de um país e cultura diferentes. Por outro, voltei a participar nas atividades da Porta Solidária, de modo mais assíduo, depois de um ano com tão poucas interações!”

- o outro projeto foi desenvolvido em parceria com o Just a Change, uma organização de recuperação de casas para pessoas carenciadas, no qual 10 alunos espanhóis participaram em campos de férias nas cidades de Faro, Óbidos e Sever do Vouga.

Além dos projetos coordenados pela CASO, foi possível enviar ainda 4 estudantes (3 da Católica no Porto e 1 da Católica em Lisboa) para 3 projetos a acontecer na Europa.

Rita Oliveira, aluna do Mestrado de Direito, está desde o início de julho em Malta, a trabalhar num campo jesuíta de refugiados.

“Usar o meu privilégio em serviço do outro e entender, no terreno, o impacto das políticas migratórias foi sempre um objetivo. Os valores preconizados pelo serviço jesuíta dos refugiados facilitaram a minha escolha.

Trabalho diariamente com uma equipa multidisciplinar que me permite presenciar que a beleza do Direito Internacional está nas pequenas coisas. Os dias são longos, mas o constante contacto com as pessoas torna gratificante um trabalho que se exige eclético. Maioritariamente, no apoio ao ensino da língua inglesa a menores desacompanhados e na adaptação de requerentes de asilo ao país (nomeadamente através da criação de currículos e auxílio na procura de emprego).”

Matilde Santos e a Nicole Rosa, alunas da licenciatura de Psicologia e do Mestrado de Direito, respetivamente, estão em Valladolid desde o dia 17 de Julho e regressam no fim do mês. Estão a trabalhar na Escola Universitária de Engenharia Agrícola, com a comunidade jesuíta lá presente, com crianças migrantes e nas horas da Universidade.

“Estamos muito satisfeitas com a experiência internacional de voluntariado que estamos a realizar na Escola Universitária de Engenharia Agrícola em Valladolid. Todos os dias realizamos uma tarefa diferente pela manhã que vai desde ser tutoras das crianças com os seus trabalhos de casa, trabalhar na horta com Mandi, aprendendo a plantar couve-flor ou a colher morangos ou ajudar na cozinha a Senhora Lourdes que cozinha para todos. Além disso, temos tido muitos momentos de convívio entre todos e de reflexão em conjunto com a comunidade jesuíta da Escola. Convivemos com novas realidades e aprendemos muito com cada um com quem contactamos Todos são muito simpáticos e fazem de tudo para nos deixar o mais confortável possível. Estamos muito agradecidas de poder ter essa experiência e enriquecer a nossa forma de ver a vida. Recomendamos muitíssimo a todos.”

“A minha experiência de voluntariado tem sido incrível. Fui surpreendida pela simpatia e pelas pessoas maravilhosas que encontrei aqui e que fazem parte desta experiência. Isto trata se uma casa de acolhimento para pessoas migrantes que não têm capacidades neste momento de serem autónomas.

Pela manhã temos três atividade para realizar: ajudar as crianças migrantes com os trabalhos da escola, ajudar na cozinha e ajudar na horta o Mandi (senhor que veio do Senegal para aqui há alguns anos à procura de uma vida melhor e que agora ajuda na horta todos aqueles que necessitam). Pela tarde fazemos atividades relacionadas com a ecologia e acabamos o dia com uma reflexão sobre o dia.

Todas estas atividades têm-me desafiado a crescer como pessoa e por isso não podia estar mais grata por poder participar e por poder fazê-lo junto de pessoas tão especiais. O momento mais marcante até agora foi conversar com Mandi e perceber a sua história de vida e as dificuldades que passou para chegar até aqui. Mas na verdade, tenho pena que por mais palavras que escreva nunca consiga passar tudo o que se passa aqui e o quanto estou a gostar.”

Por fim, Rita Pelágio, aluna da Licenciatura de Serviço Social, da Faculdade de Ciências Humanas em Lisboa, esteve em Madrid, num projeto com a Cáritas, a prestar apoio às atividades de acompanhamento a pessoas em situação de exclusão social para ajudá-las a retomar seus passos rumo à inserção.

“Para uma aluna de Serviço Social, pertencente à Universidade Católica Portuguesa, acredito que não exista maior orgulho que participar numa experiência de 2 semanas de voluntariado através da Cáritas Madrid. A Cáritas Madrid demonstrou, mais uma vez, ser uma instituição de autonomia jurídica e canónica o que lhe permite ter uma maior liberdade não só na sua visão como na sua ação e definir exatamente quais as áreas de atuação prioritárias para agir conformemente.

O projeto que me foi atribuído, “Cédia 24 horas”, decorria perto do Centro de Madrid e destinava-se à população sem abrigo. Como o próprio nome indica, este espaço encontrava-se aberto 24 horas por dia e recebia pessoas que estivessem urgentemente em situação de exclusão social. Neste centro os mesmos poderiam permanecer 21 dias, tendo acesso ao seu assistente social e aos bens essenciais.

Durante o período em que os utentes se encontravam no centro, eram realizados diversos workshops com temas fundamentais como o acesso aos documentos em formato digital, a procura de trabalho e também atividades culturais mais desenvolvidas por parte dos voluntários.

De toda a minha experiência em voluntariado nunca tinha visto nada assim, a equipa era muito unida e profissional, sempre pronta e disponível em qualquer ocasião, demonstrando grande cumplicidade com os seus utentes. As pessoas estavam felizes e seguras dentro das condições possíveis o que permitia que as mesmas criassem relações entre si.

Fiquei muito surpreendida com esta experiência e com alguma pena que durasse apenas duas semanas. No final de cada dia de trabalho, a Cáritas assegurava-se de dar uma pequena formação sobre mais alguns dos projetos que estavam em desenvolvimento para dar a conhecer aos voluntários interessados numa futura experiência.

Se gostas de voluntariado, se queres criar novas amizades, se gostas de ajudar o próximo, vem fazer voluntariado com a Cáritas e provar que os jovens podem mudar o mundo!”

pt
02-08-2021