20 anos da CAtólica SOlidária: impactos do voluntariado perduram no tempo e permanecem “vivos” nas várias gerações de voluntários

2023 fica marcado pela comemoração dos 20 anos da CAtólica SOlidária (CASO), o núcleo de voluntariado da Universidade Católica Portuguesa no Porto. Um ano repleto de celebrações que culmina com a conferência “Inovar com propósito: voluntariado na e com a comunidade”, que teve no centro do debate os dados do recente estudo desenvolvido que demonstram que os impactos percebidos do voluntariado, apesar de diversificados, perduram no tempo e permanecem “vivos” nas várias gerações de voluntários da CASO.

Estudantes e alumni que participaram na CASO avaliaram as experiências de voluntariado como tendo impactado o seu desenvolvimento pessoal (empoderamento pessoal), social (empatia) e cívico (consciência política). Estas foram algumas das conclusões que resultaram de um estudo desenvolvido pela Faculdade de Educação e Psicologia que procurou dar voz às várias gerações de voluntários, estudantes e alumni, que fazem a história da CASO, quanto às experiências de voluntariado que vivenciaram.

Isabel Braga da Cruz, pró-reitora da Universidade Católica Portuguesa, durante a intervenção de abertura da conferência, afirmou que a CASO é “símbolo de compromisso e serviço” e “tem um impacto transformador na vida dos estudantes e da sociedade.” A pró-reitora da UCP destacou, também, que os 20 anos da CASO são parte da “marca educativa da UCP que transforma para a vida”, sublinhando a importante missão que a CASO assume de “cultivar a solidariedade da comunidade”.

Carmo Themudo, coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Integral da Pessoa (UDIP) que detém a gestão da CASO, afirmou que “mais do que estarmos a celebrar anos, estamos a celebrar vidas.”

Carmo Themudo descreve a CASO como “uma família”, explicando que “o nosso tesouro são as pessoas, são elas que fazem parte da nossa história”. A coordenadora da UDIP destaca, também, o papel essencial das instituições parceiras que “ajudam na formação e desenvolvimento dos estudantes”.

 

272 inquiridos para o estudo de impacto

Intitulado “Impactos percebidos da experiência de voluntariado de estudantes e alumni da UCP-Porto”, o estudo contou com 272 participantes, todos com experiência regular de voluntariado na CASO, que se dividem em três grupos: 1) estudantes voluntários na CASO há 1 ou mais anos; 2) alumni recentes, diplomados há 5 ou menos anos; e 3) alumni experientes, diplomados há mais de seis anos.

O primeiro grupo olha para o voluntariado como experiência de aprendizagem, potenciadora do empoderamento pessoal, orientada para o exercício da cidadania ativa; o segundo vê o voluntariado como uma experiência promotora do desenvolvimento de competências interpessoais e resolução de problemas, aliadas ao exercício de uma cidadania ativa; e para o terceiro grupo o voluntariado é uma experiência gratificante do percurso de vida, com impacto presente, mantendo-se o seu efeito de empoderamento pessoal.

O estudo foi apresentado por Diana Soares e Amanda Franco, docentes e investigadoras da Faculdade de Educação e Psicologia, e por Mariana Rossi, estudante da faculdade, que integram o Católica Learning Innovation Lab.

 

“Os primeiros 20 anos da CASO são mesmo um caso sério”

“Uma Universidade comprometida: Aprender com e na Comunidade” foi o tema da mesa redonda que juntou Laurinda Alves, autora e professora de Comunicação, Liderança e Ética, Carlos Prieto, Comillas Solidária - Universidade de Comillas, Teresa Guimarães, da APPACDM – Porto, e Manuel Alçada, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Moderada por Filipe Martins, da Área Transversal de Economia Social, o painel discutiu o compromisso das Universidades com o voluntariado e a importância da ligação à comunidade.

“Os primeiros 20 anos da CASO são mesmo um caso sério”, começou por afirmar Laurinda Alves. A autora reforçou, também, a importância de se trabalhar com os alunos as dimensões da ética e do bem-comum: “temos de capacitar os alunos para que saibam olhar à sua volta e perceber quem está em situação de fragilidade.”

Carlos Prieto sublinhou a dimensão “transformadora” do voluntariado e referiu, também, que as Universidades têm de ter um propósito: “Não basta formar bons profissionais. Temos de formar bons profissionais para alguma coisa.” “O voluntariado é um espaço absolutamente privilegiado e as Universidades devem oferecer essas oportunidades, acompanhadas de motivação e acompanhamento”, acrescentou.

Para Teresa Guimarães, “o que mantém vivo o voluntariado é a gratidão, porque é a gratidão que nos leva mais longe”. Teresa Guimarães destaca que as parcerias com as universidades são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento das instituições e da sociedade”. 

Manuel Alçada começou por questionar: “Como é que ainda há pessoas que não percebem que o voluntariado faz bem a quem faz e a quem recebe? Porque é que não há mais gente a fazer voluntariado perante tais benefícios comprovados?”. “O voluntariado ensina aquilo que não está nos livros”, acrescentou. Manuel Alçada sublinha também a importância da “valorização do voluntariado”, porque acredita que “promover o voluntariado é promover a aprendizagem”.

 

A voz dos voluntários

Três voluntários, três testemunhos. Eduardo Lopes e Raquel Montenegro, antigos voluntários da CASO, e Mariana Craveiro, atual voluntária, partilharam os seus testemunhos com a plateia sobre a experiência pessoal de se ser voluntário da CASO.

Eduardo Lopes destacou a importância do voluntariado para a aquisição e desenvolvimento de softskills. “Foi através do voluntariado que descobri o meu rumo profissional e aquilo que quero fazer para o resto da vida”, afirmou. Eduardo Lopes partilha que a CASO “abriu portas para outras realidades” e “ensinou-me a saber colocar-me nos sapatos do outro e a aceitar as diferenças.”

Raquel Montenegro afirmou que a CASO é “uma referência de excelência” e partilhou que “foi na Católica e através do voluntariado que cresci e aprendi os valores fundamentais de uma vida em comunidade”. “O voluntariado transforma vidas. Porque nos ensina a olhar o mundo e para o mundo de uma forma especial. O outro passa a ser alguém que precisa de nós, mas de quem nós também precisamos para sermos felizes”, partilhou.

“Não há contexto mais seguro para desenvolver competências do que no voluntariado”, disse a voluntária Mariana Craveiro. A estudante da Católica partilhou as várias experiências que têm marcado o seu percurso universitário e que não teriam sido possíveis sem o envolvimento com a CASO: o voluntariado na Porto Solidária e a entrega de centenas de refeições nos tempos do confinamento, a participação no programa internacional de voluntariado FLY, durante a sua experiência de Erasmus, o projeto com doentes inimputáveis “Liberdade dos Talentos” que desenvolveu no Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo. “Deste caminho com a CASO, levo comigo a certeza de que, quando a vontade é a de ajudar, primeiro dizemos que sim e depois arranjamos sempre forma de concretizar”, foi assim que Mariana Craveiro terminou o seu testemunho.

Seguiram-se os comentários de Sónia Fernandes, da Pista Mágica, e de Raquel Campos, docente da Católica Porto Business School, moderados por Célia Manaia, membro da Comissão Executiva da UCP – Porto e docente e investigadora da Escola Superior de Biotecnologia.

Sónia Fernandes destaca que o contacto com a realidade é a motivação para o voluntariado e sublinha a importância de as Universidades estarem ao serviço da comunidade, enquanto “sentido de propósito”. Para Raquel Campos, “o sonho das universidades devia ser que todos os alunos tivessem uma experiência de voluntariado ao longo do percurso.” Para a docente, é importante “desafiar os estudantes para a resolução de problemas concretos”.

 

O compromisso dos voluntários 23/24

A conferência de encerramento dos 20 anos da CASO também integrou o momento de compromisso dos voluntários do ano letivo 23/24. Neste momento, cada estudante assume, perante as instituições parceiras, a Universidade e os colegas, o compromisso anual com a CASO e com o voluntariado. A CASO arranca com mais de 130 voluntários das várias faculdades da Católica no Porto divididos pelas 8 áreas de voluntariado. Como referiu Carmo Themudo, a CASO tem um papel importante na “concretização da missão da Universidade Católica”.

Encerram-se, assim, as comemorações dos 20 anos da CASO, mas a contagem prossegue. Tal como muitos dizem, “Que venham mais 20!”.

pt
22-11-2023